segunda-feira, 12 de março de 2018

Ruído Afora


No silêncio
grita o ruído
das cidades
que nunca dormem

Um corpo
um sentido
o que diz o rugido
o peito absorve

Imenso pra tocar

Á distância
dois dedos medem

Os olhos
não sabem ler
se aqui é inferno
ou jardim do Édem

Aqui é um som enfático

Um grito escalafobético

A maldade
age todo dia
enquanto a justiça
morre de tédio

É maldição
sem remédio

Os cães incendeiam
favela
arrumam o terreno
e levantam um prédio

Sem léxico

Porque o dinheiro
abrevia o crédito

Tudo que é pago
a gente confia

Só cai no enquadro
quem manda a mídia

A roupa é ela que indica

O corpo perfeito apita

E quem é pobre
soslaio
da mão-de-obra
ensaio
escravizado
da especulação

Esperteza canta: AÇÃO

Confusão

Reversão
de valores

Quantos são
os vapores

Quantas são
as mãos

Acelera
coração

O ruído GRITA

e sinto
meu corpo
pulsando

o sopro
de uma
geração